19 de dezembro de 2008

A história se repete



No dia 28 de março de 1968, os estudantes do Rio de Janeiro estavam organizando uma passeata para protestar contra a alta do preço da comida no restaurante Calabouço (Restaurante Central dos Estudantes, conhecido como Calabouço, restaurante estudantil que oferecia comida a baixo custo para estudantes de baixa renda no Rio de Janeiro). Entre eles estava um jovem de 18 anos chamado Edson Luis de Lima Souto. Como de costume as forças de “segurança” do Brasil, que já amargava a 4 anos numa ditadura nascida em um golpe militar (a qual os cabeças de jarro chamam de revolução democrática, e que é comemorada até hoje por eles), responderam com a eloqüência de costume: Tiros e cassetetes.

Dizem que os cabeças de jarro temiam que os estudantes atacassem a embaixada dos Estados Unidos (sacrilégio que não poderia ser permitido), e para isso agiram como foram ensinados a agir.
Ao final do dia os estudantes, que só queriam um preço justo nas refeições, amargavam uma derrota e tinham ganhado hematomas e cicatrizes. Os milicos, que protegeram a nação do perigo vermelho disfarçado de estudante secundarista, ganharam o dia.

O Brasil ganhou um mártir.

Edson morreu, e a ditadura seguia galopando desenfreada sobre o seu cadáver, o primeiro, mas não o ultimo, desse período cheio de Ordem e Progresso. O nome do seu assassino é Aloísio Raposo, de quem nunca se teve noticia se foi julgado, ou, mais provavelmente, condecorado. "Os velhos no poder, os jovens no caixão" - é o que diziam os estudantes.

Naquele mesmo dia a ditadura fez outra vitima: Benedito Frazão Dutra, outro estudante.

Esse caso é bastante conhecido pelos brasileiros, mas não é isolado. Nem no Brasil, nem em lugar nenhum onde aja um Estado pra nos “proteger”.

Em 20 de julho de 2001, na cidade de Gênova, houve o vigésimo sétimo encontro do G8. Várias pessoas foram às ruas se pronunciar contra os representantes dos paises mais ricos do mundo. Entre eles estava um rapaz chamado Carlo Giuliani, um jovem anarquista italiano que andava com um grupo chamado de "Beast Punks". Carlo tinha dito aos pais, militantes de esquerda, que talvez não fosse ao protesto, talvez fosse a praia. Resolveu ir ao protesto. Horas depois, de dentro de um carro da policia saiu um tiro que acertou sua cabeça, e não contentes com isso os policias passaram por duas vezes com o carro por cima de seu corpo. Foi alegado que seu assassino Mario Placanica, teria agido em legitima defesa.

A morte de Carlo, segundo um dos colaboradores do CMI(Centro de Mídia Independente), mudou algo. Era como se algo tivesse morrido junto com ele. Talvez a inocência do ativismo. Talvez uma parte de todos os militantes.

Mas naquele dia nasceu uma certeza para muitos: o Estado não iria aceitar a opinião daqueles que ousam!

Outro que ousou foi o anarquista estadunidense Brad Will. Documentarista e colaborador do CMI de Nova York, Brad estava habituado a cobrir diversos tipos de protestos, e não raro, a reação violenta dos bondosos servidores públicos da policia, inclusive registrou a luta dos sem-teto do acampamento Sonho Real, em Goiânia, onde foi preso junto com os manifestantes, que lutavam para ter um lugar para morar. O seu ímpeto o levou a vários outros lugares, como o Equador, Argentina e também protestos na Europa.


Uma atitude marcante, que me deixou impressionado com sua coragem, aconteceu em NY, no squat( uma apropriação de um imóvel abandonado, para utilização como espaço cultural, e moradia, muito praticada por anarquistas) onde morava. Quando a prefeitura decidiu demolir o prédio onde havia seu squat( pois um prédio abandonado deve ficar intacto, mas um prédio cheio de anarquistas...isso sim é um verdadeiro perigo!), o trabalho de demolição começou com todos os pertences, e animais de estimação dos moradores, ainda dentro. Apesar do apelo para que aquilo parasse, a destruição continuou. Até que Brad subisse no topo do prédio enquanto tudo era demolido por maquinas. Ele foi preso logo em seguida.

Mas isso não o fez parar, e logo estava em outros lugares. Rodando o mundo com uma câmera na mão acabou parando em Oaxaca, México, onde um protesto de professores acabou se tornando uma rebelião popular. Com uma câmera na mão ele registrava a luta e a resistência, e com uma câmera na mão ele foi morto. No dia 27 de Outubro, foi atingido por um disparo, durante um ataque paramilitar às barricadas dos revoltosos. Pedro Carmona, suposto seu assassino, nunca foi preso.

Mas, por mais que nós desejemos que não volte a acontecer, a historia se repete.

No dia 6 de dezembro de 2008, durante protestos que agora tomam conta da Grécia, Aléxandros Grigorópulos, estudante de 15 anos, levou um tiro no peito, disparado por um policial. Seu assassino Panagiótis Avramídis, alega legitima defesa.

Depois de tudo isso, depois de todas essas mortes, da primeira vez que eu li a noticia, não fiquei muito surpreso, afinal, não é isso que o Estado vem fazendo a tanto tempo?

Mas uma coisa me deteve nisso. Algo me impossibilitou de afastar meus pensamentos de Aléxandros. Não entendia bem o que, fora o fato obvio que a sua morte por si só já é o bastante. Até que eu pensei: Ele tinha 15 anos

15 anos.

Quando eu tinha 15 anos eu acreditava em transformações, em revoluções e evoluções na sociedade, e que essas mudanças não viriam com violência, mas com a boa vontade. Eu quando tinha 15 anos, não conhecia a violência contra as idéias.

Mas Aléxandros com essa idade está morto.

Aléxandros está morto e eu não sei o que dizer.

Desde que soube da sua morte eu tento escrever algo sobre isso, mas as palavras certas me faltam. Nesse momento eu me sinto muito próximo, e muito distante, de todos esses jovens idealistas assassinados por suas idéias, arrancados de suas vidas, por serem subversivos. O que dizer para honrar esses heróis, que representam tantos outros desconhecidos? Tantas mortes que parecem ser a morte de cada um de nós. Tantos tiros que foram dirigidos a eles e a todos nós.

Fico pensando em tudo que ele perdeu. Tanto ele como Edson Luis, como Carlo Giuliani, e tantos outros. Será que eles sabiam que faziam parte de algo tão grande? Será que eles sabiam que tantas pessoas sentiriam suas mortes? Que em cantos tão distantes do mundo se escutariam o eco dessas agressões?

Me parece que depois de tudo nós temos que tomar uma decisão, porque aquele tiro que matou Aléxandros, não era só para ele. Era destinado para mim e para você. Mas temos que tomar uma decisão. Afinal de contas está em nossas mãos. Devemos decidir quem será o próximo a ser enterrado: Nós ou o Estado?

E agora, penso o que eu diria para Aléxandros, se pudesse falar com ele. Acho que diria, que a luta continua. Que ele será vingado. Que ele não será esquecido. Mas em verdade, não sei o que dizer. Queria dizer muitas coisas.

Mas Aléxandros está morto e eu não sei o que dizer.

Video e musica em homenagem a Carlo Giuliani

"Una rosa ha sido pisoteada,
Por llamarse libertad,
Y sus petalos de color rojo,
Tiñen las calles de genova.
Nos podeis encarcelar,
Nos podeis torturar,
Nos podeis asesinar,
Pero nunca podreis callar la voz
De la solidaridad!"

Video em homenagem a Aléxandros Grigorópulos

18 de dezembro de 2008

A vida é sim uma viagem!

obs.: As legendas saíram pequenas mas se você não for míope, deverá entender.

Piadas Internas e Devidas Apresentações

Apresentando os intrépidos aventureiros:

01 Nome: Luís Eduardo
Vulgo: PJ
Idade: 19 anos
Visão Politica: Votou em Ricardo Coutinho, como bom pessoense que eu sei....
Onde vive: João Pessoa, cidade pela qual é apaixonado
O que faz: Luís é estudante de Relações Internacionais e humorista refinado, especialista em stand-up, inclusive tendo contribuído para varios roteiros clássicos da comédia, desde Monthy Phyton até A Praça é Nossa. É gordinho e se amarra num cachimbo de crack.


02 Nome: Rienzy
Vulgo: El indio
Idade: 19 anos
Visão Politica: Álgebra Vetorial
Onde vive: Campina Grande
O que faz: Rienzy é mais uma vítima da Engenharia Elétrica, droga a qual é viciado
já a algum tempo. Depois de uma overdose de Cálculo I, e uma temporada numa clínica de reabilitação, está tentando largar o vicio. Adora assistir Tv, principalmente o Jornal Nacional, que, na sua opinião, contribui para a cultura do Brasil.


03 Nome: Kimã
Vulgo: Gorda
Idade: 34
Visão Politica: É ferrenho defensor da Teoria das Supercordas
Onde vive: João Pessoa
O que faz: Estudante de Física, é integrante da Igreja Karl Marx dos Santos dos Últimos Dias(mais conhecida como Esquerda Marxista), Kimã dedica-se a estudar A Palavra, particularmente os salmos do Apostolo Trostky, seu preferido. Atualmente enfrenta um processo sob a acusação de heresia por ter duvidado da sagrada escritura (leia-se O Capital), e ter questionado o dízimo. Corre risco de excomunhão.


04 Nome: Petrus
Idade: 55
Vulgo: Com um nome desse, precisa?
Onde vive: Bar de Tenebra
O que faz: Estudante de Geografia, Petrus é adepto da boemia. Dedica-se também ao artesanato, e aos esportes radicais, tais como: furtar objetos do exército brasileiro, e colocar fogo em bujões de gás. Tudo com muita segurança, é claro.


05 Igor 
Vulgo: Bode (Capra aegagrus hircus)
Idade: 19
Onde vive: Campina Grande
Visão Política: Vegetariano que come carne
O que faz: Já tentou ser pianista, escritor, bacharel em Direito. Hoje se dedica a cultuar Joe Pesci, e a insonia, sua verdadeira paixão.


Que Joe Pesci NOS ABENÇOE!!!!
Por Igor