4 de novembro de 2008

Prelúdio de um sendero luminoso*

por Igor**

Bueno, eu acho que a primeira coisa que vocês querem é uma explicação, que lhes permita entender o motivo da nossa partida (embora o termo partida possa parecer por demais dramático). O que nos levou a “deixar para trás” nossas vidas feitas, para fazer algo assim, uma loucura segundo alguns, um ato de irresponsabilidade, certamente diriam outros, enfim, uma rebeldia sem causa, e, sem dúvida, muitos serão os comentários semelhantes a esses, mas, eu receio em dizer, os que pensam assim já estão demasiado enterrados em seus próprios preconceitos para ver o que nós vemos, e ouvir o que nós ouvimos, sem ao menos colocar o pé na estrada. Tal pessoa está numa posição na qual o sofá de sua sala não permite enxergar além da sua televisão, perdendo assim a possibilidade de admirar, e admirar-se, com outras visões mais amplas, com mais cores. Mais reais.


Se você está assim, eu tenho uma boa noticia para você: Ainda há tempo.

Sempre haverá tempo, enquanto você viver, para suplantar seus temores e a pequenez dos mundos individuais, para ver e alcançar outros mundos, para que sejamos capazes de viver, como diria o Subcomandante Marcos, num mundo onde caibam todos os mundos. 

Mas se essas coisas não passam na sua cabeça quando analisa o curso e conseqüência de nossas ações, talvez você nem tenha percebido, mas você sabe que há, em seu interior, o ímpeto de fazer o mesmo. Você sabe que algo está errado com essa “realidade”, e que outros mundos existem lá fora, longe das salas de aula, dos empregos e de onde mais as visões se tornem estreitas. Se você se sente assim, eu tenho uma má noticia pra você: Você ainda está em casa... Mas sempre há tempo.

Então cá estamos, longe das dissertações entediantes, dos vãos moralismos e dos mecanismos de autodefesa de uma sociedade falida, procurando a liberdade absoluta, e esperando por vocês. Esperando servir de exemplo para que as pessoas busquem seus próprios caminhos, e que não aceitem como verdades nossas visões, mas, infelizmente para vocês essas visões serão apenas os pontos de vista de uma realidade distante, enquanto vocês não as virem com seus próprios olhos. Mas eu tenho a impressão que isso vai mudar.

E essa é parte de uma resposta muita mais complexa do por que estamos viajando - para ter uma visão mais ampla do mundo e de nós mesmos e, torno a dizer, por que não servir de exemplo para que outros o façam? Mas não seremos, nem pretendemos ser faróis que iluminam seus caminhos. Não! Ousamos mais: Pretendemos ser faróis para que vejam que existem outras visões, que inclusive vocês possam ter seus próprios faróis, para que, assim, quem sabe, possamos juntos iluminar o escuro da nossa época.

*Escrita durante um debate sobre pena de morte na aula de Teoria geral do Processo, relevem qualquer excesso.

**Igor é insone em tempo integral e estudante de Direito nas horas vagas.

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